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quinta-feira, 4 de agosto de 2016
segunda-feira, 9 de novembro de 2015
A Verdade não tem corpo
A Verdade não tem corpo
A Esperança não tem olhos
Altair Ramos
Espantam-se com as
verdades
Que surgem gasosas
e lentas
Em muitos casos,
fogo fátuo
A sina da verdade,
só transparecer
Há de ser num
espectro rápido
Pois os olhos que
hão de ver
Viram logo pro
outro lado.
Viver de falsas
esperanças
Uma hipérbole
pleonástica*
Quimeras que impomos
ver
Pois a esperança
não tem olhos
Sem baliza, sem
guias para a mira
Quando a verdade
vem à tona
Resfolega, foge,
tropeça e morre.
Verdade encantadora
não existe
Só é conveniente
sendo necessária
Porém,
desnecessária se inconveniente.
A esperança, riso
da boca triste
Placebo voraz em
tarja preta
Protegem as rugas
de toda a gente.
.
.
*Talvez, um
pleonasmo hiperbólico
sábado, 10 de outubro de 2015
LIVRO: As Percepções de um Corvo Eremita
Minhas
percepções sobre As Percepções de um Corvo Eremita
de Jairo Cerqueira
de Jairo Cerqueira
Logo
na primeira linha de "As Percepções de um Corvo Eremita", dou de cara
com Augusto dos Anjos, pelo uso de uma única palavra - rutilância - no contexto do texto ou não, ser
remetido a Augusto dos Anjos, preparou-me para leitura que fosse complexa, enigmática,
até mesmo intimista.
Poderia
dizer que este romance filosófico carrega uma essência nietzschiana, porém
considero mais importante o tom simbolista e a força parnasiana do soneto Psicologia
de um Vencido - “Eu, filho do carbono e do amoníaco,/
Monstro de escuridão e rutilância,/ Sofro, desde a epigênese da infância,/A
influência má dos signos do zodíaco.” - que traduzem ou
fundamentam a representação da vida cotidiana dos seres luzidios que movimentam
o universo da história.
Ao
estilo das histórias fantásticas e contos sobre peregrinos, um corvo chamado Emilho
nos conduz a inquietações, questionamentos e descobertas, porém o senso que
prevalece ante a capacidade cognitiva das personagens corvos, é a negação da
descoberta, o encruamento da curiosidade, a anulação do eu.
Na
grande árvore, agasalho - dormitório de aves, como se diz
por aqui - do bando de
corvos, tudo acontecia mimética e aristotelicamente. Todos os dias, ou seja,
todas as noites as castas cumpriam as suas missões sob o comando do tirânico
Vincenzo.
Por
um motivo ou outro, sinto-me na necessidade de lembrar Euclídes da Cunha em Os Sertões, qual Tom Zé em entrevista diz
que ao começar a ler a seção sobre o Sertanejo, algo tomou conta da sua mente,
ficou desconfiado que conhecia, sem saber muito de onde, aquele homem descrito
por Euclides. Assim é, também desconfio que conheço aqueles corvos.
Emilho,
um jovem corvo insatisfeito, impelido pela capacidade de ver além dos costumes,
sente a necessidade de romper a barreira das regras, acredita que a vida possa
ser de outra maneira, inicia suas buscas no pequeno território onde vive, repleto
de boas intenções, convida os mentores e o bando a fazer com ele as novas descobertas.
Tudo
por ali sempre fora tirania e medo, desafiar os tiranos e o senso comum
significaria insurgência, seguida por punição e banimento. Nada, nenhum corvo
deveria interferir no azeitamento e no movimento perfeito das engrenagens que
impulsionavam o funcionamento daquele bando. Rejeitado, sem saber o que
encontraria, o corvo se lança por sua conta e risco ao desconhecido.
A
partir daí a narrativa coloca o Corvo Eremita e o leitor em uma caminhada onde
as dificuldades da limitação e a necessidade de transpor os obstáculos impelem a
vontade do andarilho, qual faz imersão em um mundo de percepções, reflexões e
descobertas.
Estamos
todos convidados ou desafiados a partilhar desta caminhada lúdica proporcionada
pelo nosso amigo Corvo Cerqueira.
Informações
Percepções de um Corvo Eremita
Jairo Cerqueira
Scortecci Editora
Ficção
2015
204 páginas
Percepções de um Corvo Eremita
Jairo Cerqueira
Scortecci Editora
Ficção
2015
204 páginas
. o O o .
Psicologia de um vencido
Augusto dos Anjos
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Produndissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
. o O o .
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