domingo, 23 de junho de 2013

Revolução: A primavera chegou?


Revolução: A primavera chegou?
Altair Ramos
A juventude está nas ruas em um movimento inquestionável pela mudança. Alguns eufóricos dizem que o Brasil acordou, mais ainda não. O despertar da Primavera Brasileira se assemelha mais ao sono daquele adolescente ou trabalhador que pretende ficar mais cinco minutos na cama antes de irem para a aula ou para o trabalho. A revolução de fato, precisa de mais tempo, ou seja, precisa de experiência e organização para ser profícua.
Os políticos profissionais e a grande imprensa não entendem bem o que esta acontecendo, os primeiros fazem-se de desentendidos, não acreditam ou não admitem que as massas possam organizar-se longe dos seus proclames, longe das pautas elaboradas nos bunkers partidários, pois estão muito acostumados com as pautas manipulativas. As organizações políticas perderam esta rodada (risos).
A imprensa, entendamos como tal toda a mass media, não sabe onde se posicionar, não sabe se defende ou se ataca, fazem editoriais jocosos, proclamando direitos kantianos ou defendendo a paz e o patrimônio público em nome de uma democracia descalcificada. O que não traz para si créditos maiores do que já desfrutavam anteriormente.
A revolta dos R$ 0,20, o movimento passe livre, acabou quando o aumento do preço das passagens foi revogado, porém a revolta não cessa aí, a luta é motivada principalmente pelo descaso do Estado e pela indignação que sente o cidadão ao observar os trilhões, nos leds que não param de piscar no painel do impostômetro, enquanto caminha em direção aos serviços essenciais que o governo garante existirem nos postos médicos e outros serviços públicos.
Um dos fatores que alavancam as mobilizações populares pelo país é o sentimento de incapacidade em ser atendido, somos ouvidos, mas não escutados, isso porque a democracia impõe liberdade de expressão, mas é só isso mesmo. Aqueles que deveriam traduzir as necessidades e anseios da população para os campos do executivo e legislativo produzindo ações concretas, não podem fazer tal tradução, pois falam outra língua ou fingem não compreenderem o que o povo quer.
As palavras em um discurso político, quase nunca significam o que estamos ouvindo, estão sempre carregadas de sentidos dúbios, mensagens indiretas e subliminares, com recados claros e bem direcionados nas entrelinhas.  O discurso é sempre uma armação pirotécnica, escondendo os verdadeiros objetivos: o poder político e o status de poder. Isto cansa, e este cansaço é que está colocando as pessoas nas ruas. Terá o grito da multidão, menor valor que as falas planejadas daqueles que se dizem nossos representantes?

Ideias conservadoras, ultraconservadoras, anarquistas, e outras, estão há muito, sendo injetadas nas mentes  inteligentes da população, sendo utilizadas palavras chaves tipo: ética, corrupção, direitos, democracia, etc. Com isso, finge-se pregar a liberdade, a expansão dos direitos, mas no pano de fundo o que há são joguetes políticos que tentam estigmatizar e mistificar algumas ideologias, enquanto implodem com outras.
Numa época em que vivemos a desestrutura das ideologias, tanto no meio popular como no meio político, nada mais coerente que uma mobilização nacional sem partidarismos, onde o que prevalece é a vontade do “EU”.  Isto porque, infelizmente, a experiência militante perdeu-se na história por meio da representatividade ruim e no individualismo do capital e do consumo, que desestimulam a participação popular nos projetos da coletividade.
Tudo isso, implica num primeiro momento, que o cidadão revoltado extravase a mágoa contida transformando-a em ira. Com isso, o desequilíbrio mental, faz com que fique parecido a um desordeiro, um vândalo, principalmente pela falta de lideranças, que certamente nascerão destes eventos. Porém uma pergunta é iminente, alguém já viu ou ouviu falar em levante popular, sem lesões, sem danos? Os manifestantes não reivindicam por reformas, clamam por transformações políticas abrangentes.
É preciso sim, ter pauta e planejamento, é preciso que hajam lideranças, é preciso que a diversidade das massas dialogue para encontrar os objetivos comuns que alicerce uma pauta próxima da hegemonia. O povo vem sofrendo inerte há muito tempo, não podemos perder o momento, oportunistas estão a postos, aguardando que a voz das massas fique rouca, para depois falarem outra coisa em nosso nome. Cuidemos, pois o grito por direitos pode tornar-se em silêncio compulsório.

Imagens do Google

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por estar interagindo neste trabalho.
Sua participação é muito importante.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...