Ócio e Modernidade
Publicado na Revista Artpoesia nº 99
O ócio é o prazer agoniado
De nada fazer
De não ir e nem vir
Apesar de toda a necessidade
É o deixar para depois
Podendo fazer agora
Vivemos em pleno ócio
Fazendo apressado
O que se pode fazer amanhã
Fazendo o máximo de tudo
Enquanto tão pouco nos basta
O ócio urbano
É horista, mensalista
E faz uma grana por fora
Consome duas parte
De cada vida
Salário justo ou não
Perde-se em fúteis contradições
O outro terço esvai-se das mãos
Pagando tudo o que é possível
Abrigo, sustento, aparência, ilusão
Entre o vício e a libertação
Acúmulo de resíduos e sobras
E o deus do capital
Espreguiçado e atento
Numa sombra do quintal
Chora do tanto que ri
Ao ter em ti trabalhador
Mantenedor universal
Que produz continuamente
Para o consumo assaz, voraz
No resultado desta ação
Energia em fissão
Que sublima o capital
Eu, você, quem vai nascer
Tudo é gado em um curral.
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