segunda-feira, 20 de julho de 2009

Efervescência

A cabeça fervilha louca, não há o que escrever. A tela do monitor brilha em milhões de cores que não percebo, mas estão lá fazendo meus olhos arderem. O teclado pede massagem, as teclas prontas a saltarem. A inspiração pede passagem, indo rápido para outros lugares. Bloco de notas ou word tanto faz. Enquanto penso vou digitando sem critérios, um filme vai passando em minha mente, vejo a violência das ruas, abuso sexual e balas perdidas encontrando alvos de forma desmerecida. Meninos e meninas nos campinhos que pretendem formar craques, no mesmo lugar e em outros becos, sacis quase sem pernas queimam os dedos, a boca e o cérebro. Em ondas vãs estão surfistas nos ônibus e nos trens. Parturientes com braços riscados, hipertensos que sofrem e caem. Operadores e fiscais públicos sem ferramentas, milícias bem armadas. Fóruns e discussões que não servem a nada, políticas públicas bem engendradas por vampiros são articuladas, oportunismos e manobrismos controlam as massas. Sem saber o que escrever, versei longamente sobre um garçom, rebusquei um conto medieval, revi antigos textos, tudo tão fora do contexto, o que detesto protesto, fogem-me as energias ao combate, faltam-me as falas para o debate. E o Brasil a quantas anda? Arrancamos o senador do seu palco, ou derrubamos de uma só vez o teatro? A efervescência só aumenta, no horizonte não existe sustentabilidade, vorazes discursos tecnocratas, mar de lama, anseios do povo jogados num fosso. A boca está seca, a alma encruada, os sentimentos amargos. Fora vagabundos, queremos justiça, transparência, liberdadade. Ficha limpa... Temos navalhas para seus bigodes e barbas.

Crédito da Imagem
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7 comentários:

  1. Um filme em ritmo alucinante, tudo ao mesmo instante,pensei ter aberto um folhetim daqueles que só vendem notícia ruim; no momento que buscava inspiração, abriu-se uma janela,veio à tona mazelas, donzelas feridas, craques que não são fenômenos;desejei apenas baixar decreto, sancionar ato secreto, lacrar esta janela e partir em busca de paisagens bem mais singelas...como se possível fosse a nós, simples eleitores, pobres mortais...

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  2. de grande valia seu lindo trabalho amigo da escrita, um grande abraço.

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  3. Muito bem trabalhado o texto.
    A inspiração - a "verve" poética,
    a faísca do artista
    no oceano das letras
    O poeta - o escritor - seu tempo, seu mundo
    seu espaço
    Excelente !

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  4. Muito bom o texto.
    Abraços e boa semana.

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  5. Altair,

    Já me vi nessa situação. Às vezes a tela em branco realmente nos desafia a teclar, e fica difícil selecionar o tema. São tantas histórias, tantos abusos, tantos conflitos.
    Já estou seguindo o blog. Vou continuar acompanhando!!!

    Graça

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  6. Altair,

    Você disse tudo...
    As vezes ficamos inertes e mudos perante
    tantos abusos e inoperância que nos aviltam e quase nos destroem. Nossa voz se cala enquanto a mente trabalha e o coração sangra. A tecla é uma válvula de escape,
    mas é muito pouco perante o tamanho da
    ousadia e da corrupção que já se alastrou
    feito um câncer a corroer o Brasil inteiro.
    Onde vamos parar?
    bjs

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  7. OI Altair,
    VIsitei o seu blog e vi nele o que há de melhor na net: boa informação, ética, visão inclusiva e criticidade.

    Parabéns, amigo.

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