UM DIA APÓS
Altair Ramos
Segunda-feira é bem certo
que acordarei tendo a certeza que será um dia normal de vinte e quatro horas, ainda
que nublado, o Sol não deixará de promover as suas explosões (por enquanto) além das nuvens e de muitas outras
camadas gasosas, emitindo a sua poderosa energia, perceberemos que nada mudou. A
minha rua não mudou de lugar, assim como não foi melhorado o sistema de
esgotamento sanitário, nenhum idoso passou a ser jovem. O Brasil continuará
sendo o mesmo país de sempre, ainda na América do Sul. Nenhuma metamorfose além
do que o imaginário nos impõe.
A Lei da Gravidade não será
revogada, continuando a reger o movimento dos planetas, criacionistas seguirão
os mesmos princípios de sempre, evolucionistas estarão refutando o design e a
perfeição dos olhos, um ou outro mudará a sua crença, mas isso é pessoal,
particular de cada um. As bases da física estarão sempre a procura de um Einstein,
a razão em busca de um Carl Seagan, e os Papas
continuarão a reorganizar as suas igrejas, sem qualquer nova revelação ad infinitum. Enquanto o universo
continua a expandir-se
Não há previsão para queda
de meteoros, explosões vulcânicas ou terremotos, também nada de novo sobre
algum arrebatamento celestial. O homem não terá melhorado muito ou nada, a
nossa condição humana será a mesma de sempre, as necessidades, as fraquezas e a
percepção do mundo, podem até sofrer um leve abalo, mas estarão tão iguais
quanto ao dia anterior.
Continuaremos a ser um país de
extremos e radicalismos, não teremos nos tornado um país ultra liberal
direitista ou comunista, ambos conservadores. Fundamentalistas como von Mises e
Karl Marx continuarão os seus debates e imposições enquanto estabelecem
dialéticas “Sobre a Origem da Desigualdade”. A participação social e política
de nobres e plebeus terá retornado ao seu estado de encolhimento e inércia,
para que aflorem por algum “start” midiático ou no próximo pleito eleitoral.
Os sentimentos da ira social
serão relegados a poucos atores, os demais estarão ocupados em produzir e
consumir, muitos outros, em sobreviver, todos repetindo superficiais frases de
efeito. As lutas como sempre, serão travadas com o ego inflado do poder, por
parte dos vencedores. Com os nervos a flor da pele, pelos ganhadores do segundo
lugar. Estes precisarão de tempo para reorganização, para esquecer. Como
crianças, darão de ombros.
Uma felicidade irônica
tomará conta das ruas, juntamente com a tristeza e uma perturbação quase
histriônica dos que investiram sem chegar. As batalhas não estarão encerradas,
ambos os lados continuarão sendo alimentados com o pão amargo da duvida e da incerteza
coberto com grãozinhos de açúcar. As estratégias de um e de outro não deixarão
de ter fundamentos no submundo dos raciocínios viscerais, antes de atingir a
opinião publica.
A felicidade, feliz cidade,
liberdade, igualdade, direitos, serão sempre metas ilusórias. O poder é uma
necessidade que quase ninguém supera. As massas continuarão sendo escravizadas,
muitos mudarão de lado, trocarão de lugar, mas não perderemos a essência da
massa que somos: crentes, inseguros e manipuláveis.
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