Publicação original: RS URGENTE em 28/01/2013
by Marco Aurélio Weissheimer.
A dor provocada por tragédias
como a ocorrida neste final de semana na cidade de Santa Maria sacode a
sociedade como um terremoto, despertando alguns de nossos melhores e piores
sentimentos. Um acontecimento brutal e estúpido que tira a vida de 233 pessoas
joga a todos em um espaço estranho, onde a dor indescritível dos familiares e
amigos das vítimas se mistura com a perplexidade de todos os demais. Como pode
acontecer uma tragédia dessas? A boate estava preparada para receber tanta
gente? Tinha equipamentos de segurança e saídas de emergência? Quem são os
responsáveis?
Essas são algumas das
inevitáveis perguntas que começaram a ser feitas logo após a consumação da
tragédia? E, durante todo o domingo, jornalistas e especialistas de diversas
áreas ocuparam os meios de comunicação tentando respondê-las. As redes sociais
também foram tomadas pelo evento trágico. Os indícios de negligência e falhas
básicas de segurança já foram apontados e serão objeto de investigação nos
próximos dias. Mas há outra dimensão desse tipo de tragédia que merece atenção.
É uma dimensão marcada, ao mesmo
tempo, por silêncio, presença e exaltação da vida. O governador do Rio Grande
do Sul, Tarso Genro, disse na tarde deste domingo que o momento não era de
buscar culpados, mas sim de prestar apoio e solidariedade às milhares de
pessoas mergulhadas em uma profunda dor. Não é uma frase fácil de ser dita por
uma autoridade uma vez que a busca por culpados já estava em curso na chamada
opinião pública. E tampouco é uma frase óbvia. Ela guarda um sentido mais
profundo que aponta para algo que, se não representa uma cura imediata para a
dor, talvez expresse o melhor que se pode oferecer para alguém massacrado pela
perda, pela ausência, pela brutalidade de um acontecimento trágico: presença, cuidado,
atenção, uma palavra.
Quem já perdeu alguém em um
acontecimento trágico e brutal sabe bem que o caminho da consolação é longo,
tortuoso e, não raro, desesperador. E é justamente aí que emerge uma das
melhores qualidades e possibilidades humanas: a solidariedade, o apoio imediato
e desinteressado e, principalmente, a celebração do valor da vida e do amor
sobre todas as demais coisas. A vida é mais valiosa que a propriedade, o lucro,
os negócios e todas nossas ambições e mesquinharias. Na prática, não é essa
escala de valores que predomina no nosso cotidiano. Vivemos em um mundo onde o
direito à vida é, constantemente, sobrepujado por outros direitos. Tragédias
como a de Santa Maria nos arrancam desse mundo e nos jogam em uma dimensão onde
as melhores possibilidades humanas parecem se manifestar: o Estado e a
sociedade, as pessoas, isolada e coletivamente, se congregam numa comunhão
terrena para tentar consolar os que estão sofrendo. Não é nenhuma religião,
apenas a ideia de humanidade se manifestando.
Uma tragédia como a de Santa
Maria não é nenhuma fatalidade: é obra do homem, resultado de escolhas
infelizes, decisões criminosas. Nossa espécie, como se sabe, parece ter algumas
dificuldades de aprendizado. Nietzsche escreveu que muito sangue foi derramado
até que as primeiras promessas e compromissos fossem cumpridos. É impossível
dizer por quantas tragédias dessas ainda teremos que passar. Elas se repetem,
com variações mais ou menos macabras, praticamente todos os dias em alguma
parte do mundo e contra o próprio planeta.
Talvez nunca aprendamos com elas
e sigamos convivendo com uma sucessão patética de eventos desta natureza,
aguardando a nossa vez de sermos atingidos. Mas talvez tenhamos uma chance de
aprendizado. Uma pequena, mas luminosa, chance. E ela aparece, paradoxalmente,
em meio a uma sucessão de más escolhas, sob a forma de uma imensa onda de
compaixão e solidariedade que mostra que podemos ser bem melhores do que somos,
que temos valores e sentimentos que podem construir um mundo onde a vida seja
definida não pela busca de lucro, de ambições mesquinhas e bens materiais
tolos, mas sim pela caminhada na estrada do bom, do verdadeiro e do belo. A
morte nos deixa sem palavras. Mas ela nos diz, insistentemente: é preciso,
sempre, cuidar dos vivos e da vida.
Ilustração: bancodeimagenesgratis.com
Minha Opinião
Tomei um grande susto pela manhã, quando ví as notícias sobre o terrível acidente de Santa Maria, RS. Fui em busca de mais informações, quando confirmei a crueldade de algumas pessoas, umas fazendo comentários infelizes, jocosos, piadas de péssimo gosto, algumas em nome da fé, outras em nome da descrença, outras ainda, porque tiveram uma péssima formação humana ou por serem simplesmente desprezíveis.
Certo que há muitas e muitas pessoas que demonstram, compaixão, respeito, afeto e amor ao próximo, que esforçam-se em acolher e confortar parentes e amigos dos que se foram tão repentina e precocemente, que se veem de uma hora para outra, desolados, solitários, sem chão e sem rumo, com seus planos destroçados.
Porém nossos dedos podres escolhem, e as nossas sensibilidades assimilam, mais os ataques escatológicos e as grosserias, que os gestos benfazejos. Isto porque, afagos nem sempre atingem a nossa sensibilidade, mas uma pedrada sem rumo provoca o agravo da ferida em quem é atingido.
Pensar melhor e revisitar os conceitos de humanidade, deveria ser um modo de vida, deveria ser o modo de cada um encontrar o PROPÓSITO DE EXISTIR.
Certo que há muitas e muitas pessoas que demonstram, compaixão, respeito, afeto e amor ao próximo, que esforçam-se em acolher e confortar parentes e amigos dos que se foram tão repentina e precocemente, que se veem de uma hora para outra, desolados, solitários, sem chão e sem rumo, com seus planos destroçados.
Porém nossos dedos podres escolhem, e as nossas sensibilidades assimilam, mais os ataques escatológicos e as grosserias, que os gestos benfazejos. Isto porque, afagos nem sempre atingem a nossa sensibilidade, mas uma pedrada sem rumo provoca o agravo da ferida em quem é atingido.
Pensar melhor e revisitar os conceitos de humanidade, deveria ser um modo de vida, deveria ser o modo de cada um encontrar o PROPÓSITO DE EXISTIR.
Altair Ramos
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DESESPERO EM SANTA MARIA - Regina Lyra
ResponderExcluirFesta travestiu-se em desgraça
Abate cidade, país
Estado soluça mortes
FESTA E DANÇA - Altair Ramos
ExcluirJuventudes
Tudo se esvai
Permanece o mal.
O desserviço público
O capital e o poder
A morte institucional.
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