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Vivemos um momento interessantíssimo e repetitivo na vida do povo brasileiro, de um lado o Mundial de Futebol, do outro os preparativos, quase canibalescos, para as próximas eleições. Mais parece ”Déjà vu”, que vida real. Como negar que já vimos tal situação anteriormente?
Minha percepção de brasileiro e patriota, não consegue absorver e entranhar o termo, "pátria de chuteiras".
Há muito deixei de ser torcedor, mal acompanho campeonatos de futebol, ou sei quem é o jogador mais caro, embora continue gostando muito, pela própria arte e distração, até conheço bem as regras, sei que se o juiz não viu, não ocorreu.
Vemos em todos os lugares, as pessoas torcendo pela seleção brasileira, como se aqueles fossem os representantes legítimos do nosso povo, quais nos darão a redenção e a liberdade, na forma de gols e um lindo troféu. Fico então a confabular, nosso país e a nossa seleção de futebol, são as mesmas coisas?
Assim, nos registramos na história como eternos torcedores, no futebol - torcemos pelos nossos craques e times, na novela - torcemos pelo mocinho e pelo casal sofredor, na política - torcemos por quem melhor enfeita as nossas ilusões. Abolimos o senso crítico e adotamos a emoção.
Separando as coisas, deveríamos estar lutando por um Brasil melhor, sem diferenças estúpidas, onde medidas técnicas e legais, em nada diminuem as distâncias existentes entre uma seleção de futebol milionária, e a grave pobreza que aplaca a maioria dos cidadãos torcedores, que também são eleitores?
Estamos preocupados com os informes sobre o campeonato, e as picuinhas medíocres entre uma rede de televisão que perdeu algum espaço, chegando ao ponto de cortar uma reportagem sobre calamidades no nordeste, para mostrar a comoção corporativista de um grupo de jornalistas que defendem somente o patrão e os índices de audiência, em detrimento da informação imparcial e necessária.
É bastante óbvio, que tudo isto está ocorrendo, somente porque o técnico da seleção convocou quem bem quis e entendeu, e proibiu o acesso também, de quem bem quis e entendeu. Deve ter contrariado alguns coronéis.
Ora, não sabemos o que acontece nos bastidores, até mesmo porque quem faz o espaço, são os mesmos que nos trazem as notícias. Haverá nisso tudo alguma relação com perda de patrocínio e numerário?
Somos unidos pelo futebol brasileiro, no entanto somos controversos quanto a nossa cidadania. Agimos pouco para diminuir a violência urbana, não conseguimos fazer mudar as condições dos pobres e desfavorecidos, não somos capazes de provocar a contento, políticas públicas que possam favorecer os habitantes das áreas de risco, como nos locais onde ocorrem enchentes rotineiramente, e lançam os fiéis torcedores para além da linha da pobreza.
Enquanto somos politicamente emocionais e torcedores, os craques da política continuam a fazer suas alianças e conchavos, direcionados apenas aos interesses do poder. Eles também vestem verde e amarelo.
Então continuo a pensar, até quando seremos estes torcedores de caras pintadas? Quando passaremos a lutar por um país melhor?
Não deixemos de torcer por este Brasil que corre atrás da bola, mas o Brasil de verdade clama por nossa mobilização. Tal e qual na copa.
Pra frente Brasil. Rumo ao Hexa!
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