terça-feira, 1 de setembro de 2009

REBELIÕES POPULARES NO BRASIL DOS SÉCULOS XVIII e XIX

A Participação Popular
Nos dias 25, 26 e 27 de agosto de 2009, realizou-se em Salvador-BA, "Seminário Sobre as Rebeliões da População Escrava e da Plebe Livre no Brasil", o evento realizado pela Escola Olodum, com apoios da SEPPIR - Secretária Especial de Políticas Públicas da Igualdade Racial, e da Petrobrás, teve como objetivo principal evidenciar a participação efetiva do negro nos grandes levantes revolucionários ocorridos principalmente no Século XIX.

Tais revoltas apresentam claramente o caráter anti lusitano, e sempre foram fomentados pela insatisfação do poder econômico e político, cujas divisões se digladiavam nas câmaras de governo e nos encontros sociais, defendendo sempre seus próprios interesses pessoais e de grupo, delineando o perfil e as intenções das classes dominantes que verificamos ainda hoje.

Pode-se dizer acertadamente, que aqueles senhores identificaram como ferramenta de trabalho e massa de manobra, as classes menos ou totalmente desfavorecidas, seus contingentes de luta a baixo custo - mão-de-obra barata e disponível - para atingirem os próprios anseios, sendo aí onde se incluem negros, indígenas, mestiços e outros deserdados. Dotados então dos sentimentos que norteiam a fome de poder, partiram para a disseminação de seus planos golpistas, onde residiam pouco ou quase nada, os ideais anti escravagistas, da liberdade e da igualdade de direitos.

A maioria entrou nesta seara com muito receio, pois as classes desfavorecidas, apesar de cativas ou dependentes, formavam uma população muito numerosa nas províncias, além de estarem espalhadas interior adentro. Diante desta questão demográfica, tornava-se muito arriscado provocar e incentivar a produção de líderes populares, que poderiam mais tarde insurgir-se contra a ordem dominante.

De fato, havia muito a temer-se, uma vez que um novo pensar se formulava no mundo ocidental, baseado nos ideais iluministas, a Revolução Francesa era uma fato, a imposição da Inglaterra pelo fim do tráfico negreiro, revoluções ocorriam nas Américas e na Europa, também já se percebia as primeiras nuances do romantismo literário brasileiro, além de o grande número de mercenários em busca novos ganhos, fugitivos de qualquer natureza, auto exilados políticos e aventureiros que aportavam as terras brasileiras, munidos de informações, conhecimentos, muito desejo por riqueza, e porque não dizer, liberdade.

A população marginalizada e oprimida também tem as suas utopias e necessidades físicas e históricas, estando disposta a sair da passividade, aceitaram a submissão, armaram-se de conteúdo intelectual e bélico, disseminaram como puderam o discurso social, lutando com todas as forças ao lado dos dominantes que lhes forneciam as ferramentas necessárias para que pudessem se impor como instrumentos ativos em busca da própria liberdade e da afirmação da identidade social.

Logicamente, as lideranças populares pagaram o “preço justo pela ousadia” com execrações, deportações e principalmente com execuções públicas sanguinolentas; enquanto os dominantes...

Revolta dos Búzios – Lançamento da revista
Na oportunidade foi lançada a revista: “Revolta dos Búzios”, levante popular ocorrido em agosto de 1798 na cidade de Salvador, juntando negros e brancos que reivindicavam a implantação da República, o fim da escravidão e a igualdade de direitos. A revista faz parte de uma série que além de ser fonte de consulta, pretende fazer a revisão histórica e mostrar as contribuições dos negros no Brasil. A idéia inicial, é que a revista chegue para todas as escolas estaduais e municipais da Bahia.
Para saber mais... ou adquirir a revista



Legislação, Educação e Vontade
Por motivos outros, participei do evento somente no primeiro dia (25), desconheço se mais adiante, este assunto foi aprofundado, pessoalmente abriu-se uma grande lacuna, pois o evento tinha também, como outro objetivo, discutir a aplicação da Lei nº 10.639/03, que trata da a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura da África na grade curricular do ensino fundamental e médio das escolas públicas e privadas de todo o país, porém esta visão foi ampliada, pela Lei nº 11.465/08, que institui além da história do povo afro-brasileiro, também o ensino da história dos povos indígenas do Brasil. Fica a impressão que os organizadores não estão dando a devida atenção à questão indígena, deixando para um plano posterior o que deveria ser discutido conjuntamente. Este tipo de atitude implica em ampliar os já existentes entraves sociais, ideológicos e políticos que tentam empurrar estes povos para fora da história. O índio também se faz presente, existe e resiste. Extraindo-se este contra, o evento foi de grande valor.
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3 comentários:

  1. Almirante,

    o espaço criado para exposição de ideias vem tornando-se essencial,hoje a carência de opiniões corajosas e contundentes é latente, encontramos vez ou outra partidario desse ou daquele movimento, tentando atrair olhares e vantagens, falar abertamente o que pensa é um direito de todos, porém, poucos são tão brilhates em suas colocações e pontos de vista, realmente um evento repleto de boas intenções, que se levantem outros rebeldes,contra ou a favor, importante para o nosso processo evolutivo é que se levantem.

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  2. Pensamos demasiadamente
    Sentimos muito pouco
    Necessitamos mais de humildade
    Que de máquinas.
    Mais de bondade e ternura
    Que de inteligência.
    Sem isso,
    A vida se tornará violenta e
    Tudo se perderá.
    (Charles Chaplin)

    Hoje passando para desejar um final de semana com muito amor e carinho.
    Abraços do amigo Eduardo Poisl.

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Obrigado por estar interagindo neste trabalho.
Sua participação é muito importante.

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